quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Letramento crítico o ensino de línguas na escola

   Iniciamos esta seção, na qual enfocaremos o que entendemos por letramento crítico e suas implicações para o ensino de espanhol, refletindo a respeito da importância do ensino de línguas estrangeiras na escola. Assim sendo, concordamos que a língua estrangeira não é meramente uma “matéria escolar a ser aprendida, mas tem função educacional”, tal como mencionado nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006, p. 133). Assumir no e para o ensino de línguas e, em concreto, o do espanhol, uma função de tal natureza e relevância pressupõe promover ações concretas que levem os alunos a situar-se no mundo como sujeitos sociais e ampliar seu espírito crítico.

  Por reconhecer essa função educacional, entendemos que o ensino de espanhol integra um projeto muito mais amplo de construção de saberes e traz em seu bojo a inclusão pela linguagem; inclusão essa que compreende dimensões múltiplas como a ética, a social e a linguística (BAPTISTA, 2007, p. 147). Portanto, se faz necessário que alunos e professores se envolvam nessa construção e abandonem – ou ao menos problematizem – uma visão utilitarista e alienante que considera a língua um mero veículo de transmissão de conteúdos para fins comunicativos.
               
  Em sentido mais amplo, a compreensão dessa dimensão educacional conferida à aprendizagem de línguas na escola reforça a necessidade de questionar a noção de neutralidade linguística e discursiva, e ainda, pedagógica. Dar a essa aprendizagem uma dimensão significativa que contribua para a integração dos jovens na construção do seu conhecimento sobre o mundo, sobre a sua sociedade, sobre os discursos que circulam e se materializam nos mais diversos textos e contextos é, pois, assumir a função educativa da língua estrangeira em nosso entorno social, cultural e político.
             
 Convém notar que essa dimensão educacional faz com que concebamos o processo de ensino e aprendizagem de línguas e, em concreto, o da língua espanhola, como situado cultural, social e historicamente. Neste sentido, uma pedagogia baseada no letramento crítico pode conduzir os alunos a questionarem e avaliarem como são construídas e mantidas determinadas ideologias nos mais diversos textos no interior das distintas práticas discursivas. Em outros termos, permite que os alunos, por meio de uma leitura crítica e reflexiva, se situem como sujeitos frente às ideologias a que estão expostos, já que como lembra Van Dijk (2003, p. 16):
                Pelo fato de ser sistemas de idéias de grupos sociais e movimentos, as ideologias não somente dão sentido ao mundo (desde o ponto de vista do grupo), mas também fundamentam as práticas sociais de seus membros. Por conseguinte, as ideologias sexistas ou racistas são a base da discriminação; as ideologias pacifistas são utilizadas para protestar contra as armas nucleares, e as ideologias ecologistas dirigem ações contra a poluição. Com freqüência, pois, as ideologias surgem da luta e do conflito de um grupo: nos situam a nós mesmos contra os outros, eles.
            
  Portanto, ao optar por uma abordagem como a do letramento crítico, deslocamos o foco das tradicionais habilidades de leitura que valorizam a simples decodificação e o foco no conteúdo e na memorização para a ênfase em atividades que favoreçam a compreensão e avaliação dos discursos produzidos nas diferentes sociedades e práticas letradas.
               
 Quanto à ação do professor, supõe valorizar e buscar o engajamento dos alunos em atividades reflexivas por meio da linguagem e, assim, orientar o trabalho com os textos na aula fundamentalmente por uma perspectiva discursiva e não meramente formal ou conteudística. Significa situar as produções textuais no espaço histórico e ideológico já que, como quer Morrell (2002, p. 72-73) o letramento crítico:
 [...] é definido como a habilidade não somente para ler e escrever, mas também de avaliar textos com o fim de compreendera as relações entre poder e dominação subjacentes e comunicadas por esses textos (HULL, 1993). O indivíduo criticamente letrado pode compreender o significado socialmente construído embutido nos textos como também os contextos políticos e econômicos nos quais esses textos estão inseridos. Enfim, o letramento crítico pode conduzir a uma visão de mundo emancipadora e até a uma ação social transformadora.
            
  Contudo, não se trata de construirmos uma leitura (ou a leitura) verdadeira, correta, única, mas de criar possibilidades para que os alunos construam suas leituras, já que, além da aquisição de habilidades para ler e escrever interessa que se desenvolvam na escola atividades de aprendizagem que contribuam para fortalecer o espírito crítico dos alunos, tendo em vista a repercussão disso na vida social em termos da inserção deles como sujeitos nas distintas práticas letradas.
                       
     Secretaria de educação básica, 2010.292p.: il.(coleção  explorando o ensino; v.16. Cap. 6 (p.122,123,124).

Um comentário:

  1. Hola, qué tal? Falta ORGANIZAR los enlaces (links), añadir videos y músicas, crear y colgar un PREZI...

    El visual está estupendo. Y la PRESENTACIÓN?

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